(Foto COM ROUPA ESCURA) Iane Martins Tavares Nascimento com seus pais e professores
Estudantes de escolas públicas da Grande Vitória e interior foram homenageadas em sessão solene – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)
Ao todo, foram entregues oito certificados
O Certificado Meninas Olímpicas foi entregue a oito alunas de escolas da Grande Vitória e do interior durante sessão solene da Assembleia Legislativa (Ales).
O evento foi realizado na quinta-feira (31/03), no Plenário Dirceu Cardoso, e teve como proponente a deputada Iriny Lopes (PT).
O Prêmio Meninas Olímpicas foi instituído pela Resolução 7.719/2021, de autoria da parlamentar, e destina-se às estudantes capixabas de escolas públicas participantes de olimpíadas científicas, incluindo as meninas indígenas e afrodescendentes.
O prêmio consiste na entrega de um certificado para aquelas que se destacaram nas competições.
Iriny Lopes, que também é procuradora Especial da Mulher da Ales, destacou que a iniciativa é em defesa dos direitos e interesses das meninas.
Embora as competições tenham meninas e meninos nas olímpiadas nas turmas iniciais do ensino, com o decorrer dos anos, afirmou ela, as meninas vão ficando para trás.
“As próprias famílias, pelas questões culturais, não tratam de forma igual filhos e filhas. As meninas ficam em casa no compartilhamento das tarefas domésticas e os meninos ficam mais livres. E isso cria um distanciamento que lá na frente consolida-se a ideia que os homens estão preparados para questões mais complexas”, analisou.
A deputada ainda destacou que, segundo a ONG Centro de Referência em Educação Integral, cerca de 16 milhões de meninas nunca terão chance de ir à escola.
São aquelas que estão em situação de vulnerabilidade social, econômica e cultural.
(Foto) Iane Martins Tavares Nascimento na tribuna da ALES
Representante das meninas olímpicas homenageadas Iane Martins Tavares Nascimento disse:
“Só quem viveu sabe o quanto é difícil para uma mulher e ainda uma mulher negra chegar até aqui.
Eu mesmo era uma pessoa que não acreditava em mim.
Na minha cabeça eu sempre seria o quarto lugar, o bom, mas nunca o suficiente.
Acreditava que acontecia com outras pessoas e não comigo”.
Iane Martin Tavares Nascimento é aluna da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio de Guarapari.
VÍDEO: Iane Martins Tavares Nascimento na tribuna da ALES
Patriarcalismo
“Existe uma cultura enraizada da divisão sexual do trabalho. Essa cultura enraizada atravessa o ambiente escolar, familiar e profissional. Fui a única menina da minha escola a passar na primeira fase das olimpíadas de matemática. A gente sofre sendo a única menina. O primeiro brinquedo que ganhei quando criança foi uma boneca, o segundo foi um fogão”, exemplificou a representante do Levante da Juventude do Espírito Santo, Karini Bergi Albanez.
A sociedade enxerga as mulheres de forma limitada, apesar da participação significativa na produção científica do país, ressaltou a representante da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Iracema, em Conceição da Barra, Daniele Reis. Ela destacou a importância dos incentivos dado pelas escolas e pelos profissionais da educação às meninas.
Maior participação
A diretora da Escola Estadual de Ensino Médio de Guarapari, Cybele Tavares Serrano, enfatizou a importância da participação das meninas nas competições e o papel das escolas na vida de todos.
“Lugar de mulher é onde ela quer estar. Ela luta por isso. Nossa luta é ainda maior porque nós damos conta de filhos, de casa, de lar, de marido, de trabalho. Nós somos meio que camaleão. Nós mudamos de cor e buscamos resolver todas as nossas situações. Após dois anos de afastamento, estamos vivendo um grande desafio nas escolas onde a violência está crescente, em que os alunos estão voltando de uma clausura, da não convivência social nas escolas. Aí percebemos o quanto é importante a escola na vida de todos”.
A representante da Secretaria de Educação (Sedu), a subsecretária de Educação Básica e Profissional, Vanessa Coelho Bhakti, observou que nas competições o número de meninas é bem menor do que o de meninos.
Ela reconheceu a importância dos incentivos para a participação das meninas nas olimpíadas e disse que a Sedu tem incentivado as competições em várias áreas do conhecimento.
“Vamos juntos para poder chegar a redução desses números que acabam nos colocando como mulheres que não conseguem alcançar a igualdade que a gente tanto busca”, propôs.
Além dos citados, compôs a mesa de autoridades da audiência o diretor da Escola Estadual de Ensino Médio Renato José da Costa Pacheco, Glauber Silveira.
A coordenadora do Movimento Meninas Olímpicas, Nara Bigolin, participou virtualmente da sessão solene.
Homenageadas com certificados
Maria Eduarda Casagrande Delpupo – Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE) – EEEFM Fioravante Caliman, Venda Nova do Imigrante;
Julia Faria da Silva – Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE) – EEFM Fioravante Caliman , Venda Nova do Imigrante;
Ana Clara Santos Martins – Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE) – EEEFM Iracema da Conceição Silva, Serra;
Cecília Salomão Prates – Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE) – EEEFM Iracema da Conceição Silva, Serra;
Letícia Kalker – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP);
Luna Ferreira Martins – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Serra;
Jessua Gonçalves Valadão Machado – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) – EEEFM Antônio Carneiro Ribeiro, Guaçuí;
Iane Martins Tavares Nascimento – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) – EEEFM de Guarapari.
Foto: Ana Salles, com informações da Assessoria da ALES